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Na rota das Ilhas Mágicas

 

Quem olhar o mapa-mundo ou um globo terrestre de dimensões médias, só consegue ver as grandes superfícies que compõem a terra e o mar imenso, com cinco oceanos que não se dividem entre si, sem sequer se perceber que, aqui e além, existem misturas de águas territoriais. Claro que estamos a falar do Mundo, do qual dizemos, muitas vezes, que é “pequeno”, quando cruzamos acasos que nos fazem sentir a proximidade de coisas ou encontros que pareciam impossíveis.
A meio caminho entre a Europa e a América, dispersas por nove “nacos” de terra, aglutinados por um destino comum, aparece o território insular: um arquipélago com nove ilhas, a distâncias relativas umas das outras, aumentando em muito a Zona Económica Exclusiva e tornando Portugal muito maior.

Durante muitos anos, as ilhas forma consideradas adjacentes ao território nacional e sobre elas pairava algum silêncio. As acessibilidades difíceis, colocaram estas terras, por muitos anos, num estranho isolamento. E mesmo que tenham entrado nos mapas e na história do nosso país, só começaram a ser reconhecidas, quando a Republica Portuguesa nos passou a reconhecer, por força da Autonomia Regional e do nosso direito à diferença, publicamente reconhecido e estatutariamente aceite, através do Estatuto Político Administrativo da Região Autónoma dos Açores que faz hoje parte da Constituição da Republica Portuguesa. Aí, a nossa representação politica e a criação de orgãos de governo próprio, fizeram de nós aquilo que hoje somos: ilhas com direito a Bilhete de Identidade e Passaporte permanente para o mundo, ilhas cidadãs da Europa Comunitária. Esta mudança de Estatuto, obriga a que se olhem os Açores com um novo olhar.

Não tem sido difícil chamar a atenção para os Açores. Dotados de uma beleza muito própria, habitados por gente de bem, as ilhas têm conquistado o espaço a que têm direito na Europa e no Mundo.
Não se pode falar dos Açores sem falar da América, a que já se chama de “décima ilha”. Nos tempos difíceis das intempéries e do isolamento físico, a América foi o sonho de todos os ilhéus. Hoje, não há açoriano, que não tenha um familiar na América. E esse é, um outro mundo, onde habitam os nossos parentes e amigos, que, em terras do tio Sam, que povoou o nosso imaginário em crianças, honram os seus ascendentes e as nossas ilhas. Para lá da ilha, transportaram a nossa cultura, as marcas da nossa insularidade, a sabedoria e a riqueza interior das nossas gentes.
As ilhas, tendo embora características comuns, são todas originais pelas suas especificidades. Com o mar a quebrar a possibilidade de interessantes parcerias impossíveis de realizar, há o charme da diferença entre as nove, que as torna únicas e irresistíveis.
Santa Maria é a única ilha que nasceu do fogo e da terra. De origem vulcânica é uma parte, de origem sedimentar a outra. No passado, foi um marco de grande importância nas ligações com Lisboa, pelo seu aeroporto de grandes dimensões e pela sua localização estratégica. O Clube Asas do Atlântico conferiu-lhe uma voz possante. De Santa Maria vieram sempre sinais de modernidade. A baía de S. Lourenço era uma praia bem frequentada e, ainda hoje, temos na boca o sabor do seu biscoito de orelha e nos ouvidos a música quente das suas marés de Agosto, nos pés o ritmo saudoso dos bailes do Asas.

S. Miguel é a maior ilha do arquipélago e aquela onde tudo acontece. Com mais do dobro da soma da população de todas as ilhas, S. Miguel, concentra quase tudo o que de muito importante se faz nos Açores a nível de criação de riqueza. Uma grande fertilidade nos terrenos, muita gente ainda dedicada à agricultura, uma produção autónoma de leite e lacticínios, chá, ananás, licores, cerveja, etc, fazem da ilha de S. Miguel, aquela onde muitos outros açorianos decidiram viver. Dotada de uma Universidade e de maior oferta de emprego, a ilha foi sendo procurada pelos ilhéus que vão, mudando assim, teres e haveres para a ilha maior. Carregada de símbolos de força, a ilha é conhecida pela beleza serena mas inquietante das suas lagoas e pela força brutal das águas de enxofre da zona das Furnas, autêntico mistério no meio da paisagem a que não se consegue ficar indiferente. As suas festas mais importantes são as do Senhor Santo Cristo dos Milagres, que todos os anos, em Maio, atraem milhares de emigrantes e turistas para uma celebração que tem ainda a força e a vibração que fez dela a maior festa religiosa dos Açores.

Mas as feiras gastronómicas e Feiras de apresentação de produtos regionais, mostram a força desta ilha que, sendo a mais densamente povoada, é também aquela que oferece maior quantidade de postos de trabalho em todas as áreas. Dotada de um número importante de hotéis, a ilha de S. Miguel, sujeita como todas as outras, às instabilidades do nosso clima, tem já, uma oferta turística muito importante. E, efectivamente, é difícil resistir à ideia, de conhecer uma terra, onde o cozido se faz no calor das entranhas da terra e onde as lagoas podem ser milagres de amor e histórias de encantar.
Por toda a ilha, se canta e dança a chamarrita e o “bailho furado”, porque das ilhas saem sempre sons do passado com sabor a tradições de doce mistério.
A ilha Terceira é uma espécie de pérola atlântica. Nela se congregam forças telúricas diversas. É a ilha dos toiros, das toiradas à corda, da animação, da gente alegre e bem disposta. No S. João, as ruas de Angra do Heroísmo transformam-se num enorme palco, por onde desfilam milhares de pessoas, que são exemplos vivos de dinamismo, alegria, capacidade de sonhar e materializar o sonho, enquanto se quiser. Todos os anos, mudam as motivações, trocam-se os cenários. E dá a sensação que foi a fé que manteve vivos os actores desta manifestação pública de alegria, de grandeza de alma, de preservação da cultura e da arte.

Nas animadas ruas de qualquer localidade e em qualquer tempo, há sempre alguma coisa que distingue o terceirense: a comunicabilidade fácil, a festa permanente no olhar, a porta de casa aberta, o vinho dos biscoitos, o alfinin, a massa sovada, a alcatra que se aquece num ai!
Gente da Terceira, onde os terramotos não são nada comparados com esta alegria boémia de quem sabe que a vida acaba e começa todos os dias, quando se sonha.
Palácio, tradições, actores e artistas, a ilha Terceira é um palco de nomes sonantes em todas as artes. Da sua Sé Catedral ou da sua baía aberta, tudo são portas escancaradas a tudo o que seja novo e inovador.
A Graciosa foi baptizada com um nome que é a sua cara. Pequenina no tamanho, extraordinariamente bem organizada, a Graciosa é a ilha que tem o seu território melhor ocupado. Todos estão perto de tudo, nesta pérola atlântica, rainha do Carnaval açoriano e das tertúlias culturais. Uma ilha de charme e de graça que comemora também o seu Senhor Santo Cristo na magnifica vila de Santa Cruz e cuja beleza tanto pode estar no Carapacho e nos seus banhos termais como na praia de areia branca que fica a dois passos de casa de qualquer graciosense ou na Praia-vila onde ao fim da tarde se põe o sol. Da Graciosa vêm queijadas de leite e muitos biscoitos caseiros para animar a hora do chá dos açorianos de bom gosto.

Mas temos que passar adiante porque esta viagem ainda vai curta. S. Jorge é a ilha comprida que nos aparece no mapa como um longo estreito plantado no oceano, bem ao centro das ilhas. Verde e montanhosa, a ilha oferece a adrenalina das suas Fajãs, autênticos presépios ao fundo das falésias altíssimas. Verdadeiros santuários de silêncio, as fajãs são um dos grandes atractivos turísticos da ilha.
A Lagoa de Santo Cristo tornou a ilha famosa pelas suas ostras enormes e deliciosas que ali crescem, num sossego ancestral, mas o queijo de S. Jorge já tinha revolucionado o mercado dos apreciadores. Hoje, todo o queijo que se assemelhe a este é chamado “tipo ilha”, sendo que, a ilha de S. Jorge, conhece o queijo na sua qualidade mais nobre. Degustado com pão ou com uma imensa variedade de biscoitos que a ilha fabrica, o queijo é sempre um pitéu. Hoje em dia, uma fábrica local de enchidos de porco, completa um quadro perfeito para qualquer “gourmand”. Cada concelho, e são três, vive das suas especificidades dos seus recursos que não são poucos.

Não se entra no Pico sem avistar primeiro a montanha. A maior elevação de Portugal, deu à ilha o nome e a raça das suas gentes. Homens do Pico, de mãos calosas, faces rosadas, chapéu de palha e albarcas generosas…
A ilha é um monumento à vida e ao mistério. “Mistérios” são também os terrenos da vinha picarota que inundam um território negro, onde cada cicatriz de verde significa trabalho e criatividade. Na montanha, tem o Pico, o seu ex-libris. Na vila da Madalena e olhando o outro lado do mar, aparece o Faial, ilha que o Pico visita várias vezes ao dia, nas lanchas da carreira que, hoje em dia, galgam a distância em menos de um “ai”. Na história da ilha, ficaram aqueles que, em tempos recuados, com mares alterosos, enfrentaram ondas que varriam o convés dos pequenos barcos, para salvar vidas em risco.

Mas o Pico de hoje é diferente. Uma ilha que não foge da memória de quem a visita porque, mesmo que não suba ao topo da montanha, não é fácil esquecer o cheiro a mosto, a força endiabrada da altura, a fé autêntica que se vive nas festas de Santa Maria Madalena ou a visão cósmica que se tem dos baleeiros nas festas das Lages. Residentes em muitas partes do mundo, os picarotos são gente que se distingue por essa grandeza d’alma que lhes deve vir do olhar para o topo de uma montanha misteriosa e fantástica.
O Faial foi no passado, e teima em manter-se no presente, a mais cosmopolita de todas as ilhas. A Horta, cidade virada ao mar, a marina sempre cheia de iates e uma avenida marginal rasgada em frente ao Pico, conferem à cidade da Horta uma cara lavada pelo mar que a rodeia. A praia de Porto Pim já inspirou poetas e pintores e o vulcão dos Capelinhos conta uma história, a que nenhum açoriano é indiferente. Efectivamente, a partir do vulcão, a ilha ganha uma personalidade mais forte e emancipa-se em relação ao sofrimento. Uma enorme vaga de emigração nos anos sessenta, reduz substancialmente a população da ilha que se fixa nos Estados Unidos, numa solução rápida e correcta num tempo de difícil recuperação de desastres naturais.

Totalmente voltada para o mar, a ilha tem, na primeira semana de Agosto, a sua festa mais importante: é a Semana do Mar, uma espécie de institucionalização da homenagem ao mar, companheiro inseparável da ilha.
Já na placa americana, a uma distância considerável das outras, mesmo no ponto geográfico onde termina a Europa e começa a América, duas ilhas aparecem isoladas a completar o arquipélago: a ilha do Corvo, com menos de 400 habitantes e um curto território físico, e a ilha das Flores, sua parceira no jogo da insularidade. Parceiras mas não irmãs, estas duas ilhas não têm uma relação gémea. Bem pelo contrário. Provavelmente porque a proximidade lhes coloca o mesmo tipo de dependências, os corvinos preferem aventurar-se a viagens para mais longe, não tendo na ilha vizinha o seu local preferido para férias ou mesmo para resolução dos seus problemas de saúde. O corvino é cioso do seu espaço, amante da sua cultura, orgulhoso da sua dignidade insular. Os corvinos são inteligentes, rigorosos, justiceiros e sabedores. Resolvem os seus problemas com a inteligência e as suas divergências políticas com os votos. Vivem da agricultura de subsistência, de um queijo artesanal cuja receita tem séculos e dos serviços que empregam grande parte da população. Têm no Caldeirão a sua imagem de marca e nos barcos diários o seu contacto com o mundo. O pequeno avião da Sata que aterra na pista do Corvo, leva a correspondência a transporta na bagagem, todos os sonhos desta gente que não tem na pequenez a sua forma de estar.

A ilha das Flores é um verdadeiro jardim. Durante os meses de Junho e Julho, a ilha fica coberta de azul por milhões de hortênsias. Esta flor azul que, de ano para ano, se multiplica por todo o lado, penetrando a ilha de lés a lés, aparece nas montanhas e nos vales, enfeitando bermas e dividindo terrenos, numa profusão que desgasta o olhar. É como se um mar de cor invadisse a terra húmida desta porção de terra verde que a água beija por onde quer que passemos no meio de ravinas envergonhadas que mostram o ventre da ilha por entre uma vegetação pesada, carregada de mistérios insondáveis.
Os florentinos são criativos e empreendedores. Daqui partiram os primeiros aventureiros à conquista do sonho americano. Em baleeiras descobertas, com um naco de pão no bolso, somos descendentes desses heróis de pé descalço que não tiveram medo de ousar na procura do pão. A ilha tem no ilhéu do Monchique o seu marco histórico, reconhecido oficialmente como o ponto mais ocidental da Europa. A Fajã Grande é a freguesia mais conivente com todas as correntes de pensamento que a ilha conhece. Na Fajã gostam todos de parar e o mar pacifica as opiniões mais controversas e inspira as mais destemidas musas. É a terra de Pedro da Silveira, uma das vozes mais ilustres da poesia portuguesa do século XX e da poesia insular de sempre.

No concelho de Lajes das Flores, a Festa do Emigrante traz à ilha turistas e emigrantes. Servidos por um transporte marítimo instável e sazonal, com horários pouco apetecíveis, os florentinos nunca viram no transporte marítimo a solução dos seus problemas. A Sata, companhia aérea da Região, é o mais apetecível dos transportes e não há medo que resista à necessidade absoluta de partir da mesma forma que é irrecusável o direito de voltar. A ilha é um fascínio permanente e aquele que a amam, jamais a abandonarão completamente. No concelho de Santa Cruz as festas de S. João são aquelas que a autarquia elegeu como as mais importantes mas, como em todas as ilhas dos Açores, cada localidade tem o seu padroeiro e, à volta dele, realizam-se, em data fixa, as festividades mais próximas dos cidadãos de cada paróquia.
A ilha das Flores é considerada uma das mais bonitas dos Açores pela imensa área florestal indisponível para ocupação, pela enorme variedade de ecossistemas, pela preservação rigorosa da natureza, pela variedade de espécies piscícolas nos nossos mares, pela ausência de poluição e por uma qualidade ambiental muito importante. Sem qualquer espécie de bairrismo, e preservando a minha capacidade de olhar sem corromper a capacidade de “ver”, diria que as ilhas dos Açores são um “todo” e que desse “todo” é indissociável qualquer uma das nove unidades que descrevi. Os Açores são um composto perfeito de nove ilhas, nove formas de ser e de estar, nove hemiciclos políticos, culturais e históricos. O Governo dos Açores, que sabiamente governa estas ilhas, com todas as dificuldades inerentes a habitar um espaço com tamanha dispersão, tem deixado nas mãos autónomas de um povo de fé, inteligente no actuar e sábio no pensar, a missão de se auto-valorizar como povo, com respeito pelos seus antepassados e pelas suas tradições mais nobres. As ilhas não são feudos de portas fechadas ao progresso. Bem pelo contrário. Abertos a mudanças e ao progresso, o açoriano de cada ilha, tem sabido separar o trigo do joio e escolher para si e para as suas gentes, aquilo que de melhor imita nos outros. E, como se não bastasse essa serenidade, o açoriano é um povo de fé inabalável e de convicções firmes, o que se tem revelado fundamental para fazer face às dificuldades emergentes da insularidade.

Mas a insularidade não dá só dores de cabeça. Há poucos dias, os açorianos foram surpreendidos por uma notícia que dava conta da nossa classificação como o segundo melhor destino ilhéu do mundo. Passo a citar:
Os Açores ficaram atrás das ilhas Faroe, na Dinamarca, e logo à frente do arquipélago de Lofoten, na Noruega, das ilhas Shetland, na Escócia e do arquipélago de Chiloé, no Chile. O mesmo estudo colocou a Madeira na 69ª posição.
Ao todo, foram 111 os destinos analisados – arquipélagos ou ilhas únicas –, por 522 peritos em turismo sustentável. A pressão turística exagerada ou, por outro lado, o esforço em encontrar o equilíbrio para não prejudicar a natureza e as populações locais foram os principais pontos analisados pelo artigo Best Rated Islands.
Numa pontuação de zero a cem, os Açores obtiveram 84 pontos, sendo o arquipélago classificado como, «um sítio maravilhoso. Ambientalmente em boa forma. Os habitantes são muito sofisticados e a maioria já viveu fora». «Distantes e temperados os Açores permanecem levemente turísticos», continua o artigo que define os visitantes como «turistas independentes que ficam em regime de bed & breakfast».
Quanto ao ecossistema, «está em grande forma. As baleias são ainda uma visão comum. A cultura local é forte e vibrante. É comum ser convidado para a casa das pessoas para jantar, ou ser recebido com uma refeição comunal durante um festival».
Quanto à Madeira, que obteve 61 pontos, é apontada como um local a sofrer algumas dificuldades. «Apesar da reputação como um local de turismo de alta qualidade, jardins bonitos e um cenário paradisíaco para passeio, a Madeira tem sofrido com o desenvolvimento de hotéis para massas que se espalham a partir do Funchal», refere o artigo.
As ilhas com pior pontuação, apenas 37 pontos, referidas como «em sérias dificuldades», foram os destinos Ibiza e St. Thomas. A ilha americana é descrita como «uma confusão» e Ibiza «já não é Espanha, ou mesmo balear, é uma colónia da Europa e, às vezes, parece britânica apenas».

O trabalho supracitado acaba por dizer tudo: nem só de praias de areia fina e hotéis de cinco estrelas vivem os destinos de sonho deste mundo.

Nos tempos que correm, a ilha das Flores começa a ser mais procurada do que nunca. Afinal a paz tem muitos adeptos e a beleza também!
O preço das viagens é mais alto que em qualquer outro destino mas as acessibilidades são diferentes e os riscos maiores. E esse risco é também uma parte importante o mistério que envolve as nossas ilhas. Nada poderia ser muito diferente do que é: não se podem construir muros à liberdade insular se quisermos ver as ilhas como centros cósmicos de uma paz difícil de igualar. Para os citadinos que têm no stress das multidões, a adrenalina que justifica a beleza das suas vidas, o silêncio das Flores pode parecer patológico e doentio. Essa capacidade de desarmar, enfeitiçar e intrigar é muito ilhoa e é, sem dúvida, a característica que nos confere a notoriedade.

É a este jardim, que chega Manuel Castanheira há 25 anos atrás. Da história da sua chegada e dos desenvolvimentos que o fazem crescer e ombrear com outras importantes Firmas, na construção dos Açores que temos, ocupar-se-á outra parte da revista que tendes nas mãos.
Este foi o abrir do pano de um imenso palco que são os Açores para deixar antever, em pinceladas rápidas, o muito que pode esperar quem queira investir nos Açores me empreendimentos que não subalternizem o que de mais importante temos: as nossas gentes!
Fixar os jovens ao território ilhéu sem lhes cortar a possibilidade de crescerem sem limite, pode ser o grande desafio do futuro. Conceber, com arrojo e imaginação, novas ligações entre as ilhas que permitam que este território insular se aproxime para que, unidos nas diferenças “façamos a diferença”, parece ser uma proposta com futuro.

Coma Firma Castanheira e Soares, a ilha das Flores viu rasgarem-se muitos dos seus horizontes aparentemente inquebrantáveis. Autênticos “fabricantes” de gente, a Castanheira e Soares povoou as Flores de gente simples mas boa, que acreditou nos projectos da ilha e fez dela sua morada. Maior entidade empregadora das Flores, a Castanheira & Soares tem aqui, o mérito de ter lançado alicerces no meio do verde, para fazer crescer a ilha, onde tudo faz com o amor dos primeiros tempos e a dedicação de sempre.
Na comemoração dos 25 anos da sua existência, não é indiferente o facto de ter sede social na ilha das Flores. Significa que não se deseja abandonar nada do que se iniciou, que se ama aquilo que se constrói e que se cresce com as pessoas e com a ilha, aprendendo a amar os seus limites e as suas gentes.
E termino com um poema de Pedro da Silveira que sempre disse tudo sobre a insularidade:
Ilha.
Só isto
O céu fechado
Uma ganhoa pairando.
Mar
E um barco na distância
Olhos de fome, a adivinhar-lhe à proa
Califórnias perdidas de abundância

E as musas silenciam o seu canto. Estamos na Fajã Grande, onde o poeta falou e onde, por destino, nos coube a ocorrência de acabar a Europa e começar a América. Porque o destino não se escolhe.

 

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